quinta-feira, novembro 03, 2005

3 Álbums para ouvir de seguida


















Boards of Canada

"The Campfire Headphase"
(18 de Outubro de 2005, Warp Records)
Lançado este ano, o novo dos Boards of Canada distancia-se bastante do último trabalho de longa duração Geogaddi (no final de 2002 ainda foi lançado o EP Twoism). Depois de um trabalho onde a batida era a base do som, "The Campfire Headphase" acenta muito mais na melodia. Não que em Geogaddi esta fosse descurada, apenas funcionava como acessório. Aqui residem ritmos 4/4 simples mas cheias de camadas sonoras. É um album mais acessível, de ambiências mais leves mas cheio de contornos interessantes. Muito anunciaram o fim de uma das bandas mais interessantes, contudo penso que seja apenas uma evolução natural. Cresce em nós numa relação directa com as vezes que o ouvimos e é sem dúvida, um dos albuns do ano.



















Four Tet

"Everything Ecstatic"
(23 de Março de 2005, Domino
Também lançado este ano, "Everything Ecstatic" é uma orgia de 42 minutos de percussão. Numerosas batidas são condensadas, cortadas, invertidas, remisturadas e distribuidas por 10 brilhantes músicas. Este album existe não só como exercicio de produção pois cada música é equilibrada com as doses certas de condimentos. Existe por detrás de cada faixa uma linha estruturante bem definida e uma lógica narrativa bem evidente. No entanto, não é um trabalho óbvio e previsível. Não existe uma fórmula para a estrutura, e esta varia mantendo um consistencia e coêrencia impressionante. A melodia subtil segue as batidas alarves e existe num plano mais abstracto que as melodias de "The Campfire Headphase". O seu papel é real e existe no contexto da canção sempre como interveniente mas nunca como personagem principal.


















Brian Eno

"Another Day on Earth"
(14 de Junho de 2005, Hannibal)

Brian Eno tem uma carreira com várias páginas, onde habitam inúmeros trabalhos de qualidade inegável. Ao contrário dos outros dois álbuns, neste existe uma sensibilidade pop que os outros afastam e negam algures entre a experimentação e um onanismo contido. No singular e sem comparação, este álbum remete para ambiências urbanas, onde a vida passou e voltará a passar. É me impossivel não imaginar o amanhecer e toda a fauna que nele habita, quando ouço este trabalho. Talvez influênciado pela capa, todo o som me parece distante do ocidental, não no miolo, mas algures na crosta. As músicas são simples, directas e irrefutáveis. São aquilo que se apresenta e não nos surpreendem. Não obstante, agarram e vemo-nos forçados a voltar a elas, várias vezes, com humores diferentes, e embora ela não mudem, soam tão frescas como a primeira vez que as ouvimos.